domingo, dezembro 05, 2010

Uma Pequena Introdução ao Ásatrú.



A menos de mil anos atrás os antigos sábios da Islândia tomaram uma decisão. Sob pressão política da Europa cristianizada e enfrentando a necessidade de comércio, a assembléia nacional declarou a Islândia como sendo um oficialmente um país cristão. Dentro de poucos séculos os últimos remanescentes do Paganismo Nórdico, acabaram morrendo. Contudo, a Islândia era um país tolerante e os mitos, estórias, e lendas da era pagã felizmente não foram queimados, e com isso, acenderam o fogo das crenças pagãs em gerações posteriores. Em 1972, depois de uma longa campanha feita pelo poeta e Godhi (Sacerdote) Sveinbjorn Beinteinsson, a Islândia novamente reconheceu o paganismo nórdico como uma religião legitima e legalizada.
Hoje o paganismo nórdico, conhecido como Ásatru ("lealdade aos Deuses" do nórdico antigo), é praticado em vários países além dos países escandinavos. O Ásatru também faz parte do grupo das religiões neo-pagãs como o Druidismo, a Wicca, a Bruxaria Tradicional, a Stregheria, etc. Contudo, o Ásatru permanece desconhecido pela maioria, até mesmo dentro da comunidade neo-pagã.
O mais importante para se lembrar é que o Asatru é uma religião. Não é um sistema de magia ou uma "Prática New Age". A palavra Asatru derivou-se do "As" (Aesir, família principal dos Deuses de Asgard) e "tru" (tru - true - verdade - confiança - lealdade). Ser Asatru é estar ligado com lealdade e confiança aos antigos arquétipos do norte da Europa, contudo, você pode pegar coisas de outras religiões e outros arquétipos e continuar sendo Asatru, basta você ter o panteão nórdico como o seu preferido e sua base nos princípios nórdicos. Outra coisa característica do Asatru é a condenação da conversão, como nas religiões missionárias tipo o cristianismo. Para o Asatru não existe "verdade absoluta"; cada pessoa é dona de si mesma e é capaz de escolher sua "verdade", nenhuma religião é errada. Asatru valoriza seus ancestrais, valoriza o estudo do passado e das origens e valoriza a guerra com sabedoria. O Asatru não é universal e não considera seu caminho como sendo o correto para todos, o Asatru acredita que há espaço para todos os arquétipos no mundo e que todos eles tem o seu valor. Baseado nisso, clamar que Zeus é o mesmo Deus que Odin é loucura.
Os Rituais do Ásatru
Sacrifício
O Sacrifício é o ritual mais comum dentro do Asatru. Nos tempos antigos, se consagrava um animal aos Deuses, o sacrificavam e com sua carne fazia-se um banquete. Como hoje não somos mais camponeses, a oferenda é feita com frutas, bolos, cervejas e vinhos.
Muita gente fica com um "pé atrás" quando se fala de um ritual desse tipo. Rituais que são denominados "sacrificios", tem uma certa conotação violenta e sensasionalista, porque tem sido interpretado de forma errônea. Quando se fala em sacrifício vem em mente "comprar" certa entidade para que ela realize sua vontade, tipo jogar um virgem dentro do vulcão para que o mesmo não entre em erupção. Outro conceito errôneo de sacrifício é achar que se ganha algum tipo de energia com o ato de causar o sofrimento do animal. Todos essas conceitos são errôneos, se você pratica algum ritual desse tipo, você está precisando de um psiquiatra. Nossos ancestrais matavam os animais por serem camponeses, e isso era comum na época, porque sua carne era um ótimo sustento e seu couro dava ótima proteção contra o frio. Fazer isso hoje não tem sentido, pois o mundo é outro e o ser humano evoluiu.
A concepção de relacionamento com os Deuses é de extrema importância para que se compreenda a natureza do sacrifício. Nós não somos inferiores aos Deuses, e não devemos adorá-los nesse sentido. Nós somos espiritualmente ligados com eles, porque eles são facetas de nós mesmos e das forças naturais da Terra. Eles são o equilíbrio, o ciclo, a vida, a morte, eles são tudo, e nós fazemos parte desse tudo. Por isso o sacrifício não é apenas uma oferenda para conseguir um objetivo e sim uma comunhão com os Deuses. Oferecer um presente é um ótimo símbolo de amizade e comunhão. Entre as runas, Gebo é a que guarda os mistérios do sacrifício.
O sacrifício consiste em duas partes, a consagração e a oferenda. O sacerdote ou a sacerdotisa invoca oralmente os Deuses a serem honrados, depois é traçado no ar as runas dos Deuses invocados com a varinha ou o cajado. Depois disso a oferenda é colocada no altar, então é traçado o símbolo do martelo (um T invertido). Com a consagração completada, então é feita a oferenda oralmente aos Deuses. Depois de simbolicamente a divindade ter bebido e comido a oferenda, o sacerdote faz o mesmo e depois também todos os participantes do ritual. Antes de comer e beber da oferenda, saúda-se os Deuses honrados com um Hail, exemplo: "Hail Odin!"
A oferenda não é só abençoada pela força dos Deuses, mas também "passou bela lingua" das divindades. Esse tipo de ritual pode até parecer simples, mas é uma poderosa experiência.
Libação
Uma das celebrações mais comuns dentro do Asatru e também dentro das outras religiões pagãs. A libação é mais simples e social do que o sacrifício, mas a sua importância não é menor.
A libação é muito simples. Os convidados ficam sentados, pegam a bebida alcóolica (Vinho ou cerveja é mais recomendado), enchem seus copos, saúdam-se uns aos outros, saúdam os Deuses, oferecem o primeiro gole aos Deuses deixando cair um pouco da bebida no chão e começam a beber. O libação é um ritual onde se deve ficar bêbado em honra aos Deuses, assim como nossos ancestrais e os heróis ficavam. É a celebração da alegria e da confraternização, conta-se estórias, piadas, fala-se besteira, nada disso é proibido, pelo contrário os Deuses adoram isso.
Cada rodada pode ser dedicada a alguma coisa, normalmente a libação Asatru tradicional tem três rodadas, a primeira para os Deuses, a segunda para os heróis quem estão em Valhalla e a terceira para os nossos Ancestrais que já não estão mais entre nós.
Juramento
É uma das mais importantes cerimonias no Asatru. É o ritual onde se confirma a lealdade aos Deuses, contudo não é nenhuma cerimonia oculta ou iniciatória. É nada mais, nada menos que declarar e afirmar sua lealdade aos Deuses nórdicos. É mais ou menos como o exemplo abaixo:
Segure um objeto (pode ser qualquer coisa uma pedra, um pingente, mas o mais recomendado é um anel) e parado na frente do Altar, diga: "Eu [nome], juro pelo símbolo do martelo sempre honrar a bandeira de Asgard e seguir o caminho do norte, agindo sempre com honra, coragem e responsabilidade, fiel aos Aesir e Vanir! Que esse anel (ou outro objeto) seja o símbolo da minha aliança com os Deuses!"
Depois do ritual pode ser feita uma libação com nove rodadas dedicadas aos nove valores do Asatru.
Esse ritual não deve ser realizado sem antes ter absoluta certeza do que você está fazendo. Quando alguém faz um juramento, deve segui-lo por toda a eternidade. Quem não cumpre seus juramentos, seja em qualquer aspecto da vida, no trabalho, na família, nas amizades, não merece respeito, pois não passa de um covarde.
Os Festivais do Asatru
FESTAS PRINCIPAIS DENTRO DO ASATRU
(Equivalentes aos Sabbaths Wiccanianos)
20 até 31 de Dezembro - JUL - Celebração do ano novo nórdico; um festival de 12 noites. Este é o mais importante de todos os festivais. Na noite de 20 de Dezembro, o Deus Frey Ingvi viaja através da Terra trazendo a paz, a confraternização, e o amor para Midgard. Depois da influência cristã, o Deus Balder (Sincretizado com Jesus) é renascido nesse festival como o novo ano Solar. O Deus Wotan (Odin); viaja pelo céu com seu cavalo de oito patas, Sleipnir. Nos tempos antigos, as crianças germânicas e nórdicas deixavam suas botas na janela cheias de açúcar para o cavalo Sleipnir. Em retribuição, Odin deixava um presente como gentileza. Nos temos modernos, Sleipnir foi transformado nas renas e o barbudo Odin acabou virando o simpático Papai Noel. Até hoje existe uma estátua de Odin (ou Thor) na Noruega, que a Igreja acabou transformando na estatua de "São Nicolau".
2 de Fevereiro - DISTING - É o festival onde o povo nórdico se preparava para a para a chegada da primavera. Corresponde ao Imbolc wiccaniano. Disting é caracterizado pela preparação da terra para a plantação, a contagem do gado e dos lucros ou prejuizos do ano. Era dito que o nascimento de bezerros em Disting era um sinal de que o ano iria ser de grande prosperidade.
21 de Março - OSTARA - Festa de Eostre, a Deusa da Primavera. É um festival de alegria e fertilidade. É tempo de dar ovinhos coloridos de presente aos amigos, assim como nossos ancestrais faziam, como um simbolo de boa sorte, fertilidade e prosperidade. Essa tradição sobrevive até hoje no moderno feriado de Páscoa, só que os ovos viraram de chocolate.
22 de Abril até 1 de Maio - WALPURGISNACHT - O festival de Walpurgis, uma noite de festa e trevas. Nas nove noites de 22 até dia 30 de Abril, é relembrado o auto-sacrifício de Odin pendurado na Árvore do Mundo Yggdrasil. Na nona noite (30 de Abril, Walpurgisnacht) que ele resgatou as Runas, e simbolicamente morreu por um instante. Neste momento, toda a luz entre os 9 mundos foi extinguida, o caos reinou. No ultimo toque na meia-noite, ele renasce e tudo volta ao normal.
21 de Junho - LITHA - Celebração do Solstício de Verão, quando a força solar está no seu pico. Litha é um festival de poder e atividade. O Deus Balder morre nessa época para renascer em Jul.
1 de Agosto - LAMMAS - Festival da Colheita.
22 de Setembro - MABON - Festival do final da Colheita.
31 de Outubro - WINTERNIGHTS - O começo do inverno nórdico. É uma festa onde se relembra os mortos e os ancestrais. É uma data ótima para jogos divinatórios.
"FULL MOON FESTIVALS"
(Equivalentes aos Esbaths Wiccanianos)
Lua Cheia de Janeiro - Festa em honra a Thor.
Lua Cheia de Fevereiro - Festa em honra a Freya.
Lua Cheia de Março - Festa em honra a Sif.
Lua Cheia de Abril - Festa em honra aos elfos, duendes, fadas e espíritos da natureza.
Lua Cheia de Maio - Festa em honra a Njord.
Lua Cheia de Junho - Festa em honra a Balder.
Lua Cheia de Julho - Festa em honra a Loki.
Lua Cheia de Agosto - Festa em honra a Frey.
Lua Cheia de Setembro - Festa em honra a Odin.
Lua Cheia de Outubro - Festa em honra a Tyr.
Lua Cheia de Novembro - Festa em honra aos Heróis mortos em batalha que estão em Valhalla
Lua Cheia de Dezembro - Festa em honra a Skadi e Ull
OS DEUSES DE ASGARD
Os Deuses nórdicos são divididos em três raças: os Aesir, os Vanir, e os Jotnar (Gigantes). Os arquétipos dos Aesir estão mais ligados a sociedade, as facetas dos seres humanos, etc. Os Vanir estão mais conectados com a Terra, representando a fertilidade e as forças naturais benéficas aos seres humanos. Uma vez teve uma grande guerra entre os Aesir e os Vanir, mas acabou sendo estabelecida e Frey, Freya e Njord vieram morar com os Aesir para selar a paz. Os Jotnar são a terceira raça de Deuses e em costante batalha contra os Aesir, mas não há nem nunca haverá paz entre eles. Os Jotnar representam as forças naturais destrutivas e o caos, que estarão sempre em conflito com os Aesir que representam a sociedade e a ordem. Assim como o fogo e o gelo se misturaram para que o mundo pudesse ser formado, essa interação entre o caos e a ordem é que mantém o mundo equilibrado.
Os Principais Deuses
Os Deuses mais importantes são Odin, Thor e Frey, que representavam as três classes da antiga sociedade: os Reis, os Guerreiros, e os Fazendeiros.
ODIN - Odin é o Pai de Todos, relembrado hoje como o Deus da guerra e da fúria dos vikings. Contudo, ele tem outros aspectos até mais importantes que esses. Nas Eddas, ele é o líder dos Deuses, mas essa posição originalmente era de Tyr, pois Odin tornou-se soberano durante a Era Viking, onde um Deus mais astuto era mais importante que um Deus radicalmente justiceiro. Odin é o Deus da sabedoria e do poder magicko, pois foi ele que resgatou as runas, o alfabeto que guarda os mistérios do universo. Odin também é considerado Deus da morte, por que ele (juntamente com Freya) recebia os guerreiros que chegavam em Valhalla.
THOR - Thor é provavelmente o Deus mais conhecido entre os Deuses nórdicos. Ele é um Deus simples, o patrono dos guerreiros e do povo. Thor é conhecido pelas suas grandes aventuras e por suas batalhas contra os gigantes. Ele possui uma tremenda força e o martelo Mjolnir, que foi feito pelos Anões. Mjolnir é considerado o maior tesouro dos Deuses por ser a proteção contra os gigantes. Thor é associado ao trovão, e também é o Deus da chuva e das tempestades.
FREY - Frey é o Deus da paz e fertilidade. Ele é um Deus Vanir, mas vive com os Aesir para assegurar o tratado de paz.. Era o Deus cultuado pelos camponeses e fazendeiros, que lhe faziam oferendas para que a fertilidade da Terra fosse mantida durante o ano. A palavra "frey" significa "Senhor", por isso não se tem certeza se era o nome do Deus ou era um titulo. Ele também era conhecido como Ing ou Ingvi, por isso alguns o chamam de Frey Ingvi.
FREYA - Freya é a Deusa mais importante e a mais conhecida. Ela é a irmã gêmea de Frey. Freya é uma Deusa que tem duas facetas. Primeiramente, ela é a Deusa do Amor e da Beleza, também é a Deusa da Guerra que recebe os heróis que morrem dos campos de batalha (juntamente com Odin). Ela também é a Deusa das Feiticeiras e da magia shamanica conhecida com Seidhr. Apesar de Freya ser a Deusa do amor e da beleza, ela não é uma Deusa dependente e muito menos "delicada", como as Deusa do amor de outros panteões.
FRIGG - Frigg é a misteriosa esposa de Odin. Ela é a Deusa do casamento, da família e das crianças. Ela simboliza a manutenção da ordem, da harmonia e da paz, dentro de casa. Dizia-se que Frigg sabe o futuro, mas nunca revela seus segredos, nem mesmo ao seu esposo Odin.
LOKI - Ele é o Deus do Fogo, também conhecido por sua inteligência, suas artimanhas, e suas brincadeiras que causam problemas à Asgard. Ele é aquele que causa o problema e fica rindo de fora, e depois arruma a solução, é o tipo de cara que aprecia uma boa travessura. Ele é aquele que adora falar o que todo mundo sabe que é verdade, mas ninguém tem coragem de dizer bem alto e direto. Sua maior façanha e a mais conhecida é ter conseguido matar Balder. Balder era o Deus mais bonito e amado entre os Deuses e uma das suas virtudes era que nenhum material do mundo poderia feri-lo, com a única exceção do visco que foi considerado tão fraco e pequeno para ser uma ameaça. Assim, Loki pegou o Deus Cego Hod e colocou um dardo feito de visco na sua mão e o guiou para lança-lo. O dardo pegou em Balder, causando assim sua morte. Com a morte de Balder, Loki se uniu aos gigantes e as legiões do caos e declarou guerra aos Deuses, assim começando o Ragnarok. Muitas vezes essa lenda é mal interpretada e com isso Loki acaba sendo visto como o "demônio nórdico", isso é um conceito errôneo. Ignorar Loki, seria ignorar o irmão de sangue de Odin, o companheiro de aventuras de Thor, o provedor de muitos dos benefícios dos Deuses e aquele que destroi o mundo para que ele seja reconstruído das cinzas. Isso é uma parte do ciclo, assim como está na Edda: "Cattle die, and men die, and you too shall die..." (O gado morre, os homens morrem, e você também deve morrer...)
TYR - Embora raramente seja lembrado nos dias de hoje entre os Deuses mais populares, Tyr é extremamente importante. Ele é o Deus da guerra, da justiça e da nobreza. O mito mais importante envolvendo Tyr mostra tanto bravura quanto honra. Ele perdeu sua mão para que o Lobo Fenris pudesse ser capturado pelos Deuses.
BALDER - Infelizmente, escritores modernos, de uma linha de pensamento cristã, tentam transformar Balder no "Cristo" nórdico. Balder é o Deus da luz, da beleza e da bondade, mas seu nome significa "guerreiro". É um erro ver Balder como um "Cristo" Nórdico. Balder morreu mais irá retornar após o Ragnarok.
HEIMDALL - É o guardião da ponte do arco-íris que leva a Asgard, morada dos Deuses. Sua audição é tão boa que ele pode escutar a grama nascendo na Terra, ou a lã crescendo no dorso da ovelha. A simbologia da ponte do arco-íris é vasta, ela pode significar a conexão entre a matéria e o espírito, pode significar a ligação entre os homens e os Deuses, etc... É Heimdall que vai dar o sinal para os Deuses que o Ragnarok começou.
SKADI - É a Deusa do Inverno e da caça. Ela casou-se com Njord, Deus dos Mares, porque acabou se confundindo no concurso de pés mais bonitos. Ela queria se casar com Balder, por isso seu casamento não era tão feliz. Ela também é a Deusa da Justiça, Vingança, e da Cólera Justa
Existem muitos outros Deuses dentro do panteão nórdico: Hel, Deusa da morte; Sif , Deusa da Colheita; Bragi, o bardo e poeta dos Deuses; Idunna, Deusa da Juventude; Vidar and Vali, Filhos de Odin; Magni and Modi, Filhos de Thor; Eostre, Deusa da Primavera, Hoenir, o mensageiro dos Aesir; Sunna and Mani, o Sol e a Lua; Ullr, o Deus da caça; and Nerthus, Deusa do Mar e dos Rios, etc.
Os Valores do Asatru
Uma das funções básicas de qualquer religião é estabelecer um conjunto de valores nas quais os seus seguidores poderão basear suas ações. No Asatru não existe moralismo, nem caos desenfreado. Invés, de pré estabelecermos o que é certo ou errado, o que é bom ou mal, nós lidamos com conceitos filosóficos básicos que são baseados nas lendas dos Deuses.
No Asatru o julgamento moral está dentro do coração e da mente humana. Nós como seres humanos com o presente da inteligência, somos sensatos e responsáveis o bastante para determinar o que é melhor para nós e agir adequadamente.
As nove virtudes da nobreza da alma, dentro do Asatru são: Coragem, Verdade, Honra, Fidelidade, Disciplina, Hospitalidade, Força de Vontade, Autoconfiança e Perseverança.
A Magia Setentrional
Uma parte do Havamal denominada Runatal, é altamente relevante para a compreensão da magia e do ofício rúnico:
Sei que estava pendurado na árvore assolada pelo vento, suas raízes para o sábio desconhecido; perfurado pela lança, por nove longas noites, por empenho a Odin, auto-oferenda a si mesmo,
Eles não deram nenhum alimento, nem cifre com bebida; descendo às profundezas, eu contemplei: gritando em voz alta resgatei as runas, Então finalmente tombei.
Nove poderosos versos do filho de Bolthorn, famoso pai de Bestla, eu aprendi; ele me serviu precioso hidromel do mágico Odraerir.
Instruído, progredi no conhecimento oculto. Prosperando em sabedoria; letra por letra, concedida uma palavra, e feito por feito, novos feitos.
Você encontrará as runas, e lerá corretamente as estrofes, estrofes fortes, poderosas estrofes dos sábios, estrofes que Bolthorn pintou, gravadas muito bem por Odin.
Para o Aesir por Odin, para os elfos por Dain, por Dvalin para os anões, por Asvid também para os gigantes odiados, e algumas feitas para mim mesmo.
Antes que o homem fosse criado, Thund as rabiscou, Quem se ergueu primeiro, caiu daí em diante.
Saber como gravar, saber como ler, saber como pintar, saber como provar, saber como pedir e sacrificar, e como evitar e destruir.
Não pedir nada antes de muito empenho, o Dom procura o talento; melhor não transmitir do que desperdiçar: isso, antes do homem, escreveu Thund, elevado, retornando.
Os dezoito encantamentos do Runatal formam a mais longa lista existente de práticas mágicas nórdicas. Devido ao seu alcance, essa lista é a melhor para se trabalhar nesta etapa. Se examinarmos cada um deles, descobriremos o seu objetivo e, em muitos casos, alguns indícios de sua aplicação.
1. Conheço um encantamento que nenhum rei pode dizer nem qualquer homem domina; é chamado de socorro porque ajuda em épocas de doença e sofrimento.
Esse encantamento é um levantador de animo, trazendo de volta a disposição durante períodos de doença ou depressão. A afirmação de que ninguém o domina também se aplica aos outros dezessete, já que Odin está falando, revelando os encantamentos pela primeira vez.
Runas recomendadas para esse encantamento: Fehu, Wunjo, Gebo, Sowulo, Isa, Jera, Teiwaz, Ehwaz, Othila, Dagaz, Uruz e Ansuz.
2. Conheço um outro que é necessário a todos os filhos dos homens que desejariam obter conhecimentos sobre habilidades de cura.
Esse encantamento é complementar ao primeiro. Sua utilização irá possibilitar ao usuário tornar-se habilitado nas artes da cura.
FEHU - O peito, doenças respiratórias.
URUZ - Musculatura corporal, força, etc.
THURISAZ - O coração.
ANSUZ - A boca, os dentes, distúrbios da fala.
RAIDO - As pernas e as nádegas.
KAUNAZ - Úlceras, febres, abcessos e assim por diante.
GEBO - Envenenamento
WUNJO - Distúrbios respiratórios, alívio da dor generalizada.
HAGALAZ - Ferimentos, cortes e distúrbios do sangue.
NAUTHIZ - Os braços
ISA - Ulceração produzida pelo frio, paralisia, perda da sensação.
JERA - Condições dos intestinos, distúrbios digestivos.
EIWAZ - Condições dos olhos.
PERTHO - Os seios a genitália feminina, nascimento.
ALGIZ - A cabeça e o cérebro, insanidade.
SOWULO - Queimaduras e distúrbios de pele.
TEIWAZ - Os pulsos, mãos e dedos, artrite.
BERKANA - Diversos problemas ligados a fertilidade.
EHWAZ - Dores, problemas e condições nas costas.
MANNAZ - Os pés e os tornozelos, incluindo distensões.
LAGUZ - Problemas e doenças dos rins e de micção.
INGUZ - Doenças e problemas na genitália masculina.
OTHILA - Doenças e deficiências hereditárias.
DAGAZ - Medo, doenças mentais e angústia.
3. Conheço um terceiro necessário em combates que restringe qualquer adversário e torna rombudo o gume das espadas inimigas; Nem seus estratagemas nem suas armas ferem.
Temos aqui um encantamento para batalhas
Runas recomendadas para esse encantamento: Isa, Algiz, Sowulo, Teiwaz, Ehwaz e Dagaz.
4. Conheço um quarto: Se eu me descobrir com meus membros presos a grossas correntes, Entôo o sortilégio que me liberta e quebra as algemas dos pés e das mãos.
Esse está relacionado à libertação da própria pessoa do cativeiro.
Runas recomendadas para esse encantamento: Isa, Sowulo, Dagaz, Uruz, Wunjo e Hagalaz.
5. Conheço um quinto: se alguém arremessar uma lança para ferir meus amigos, não é tão rápido, mas posso pará-la se eu vir a atacar.
Um encantamento de defesa.
Runas recomendadas para esse encantamento: Algiz e Teiwaz.
6. Conheço um sexto: se alguém amaldiçoasse gravando runas nas raízes, esta pessoa que desejou o meu mal encontraria a sua condenação, não eu.
Um encantamento de retorno
Runas recomendadas para esse encantamento: Isa, Algiz, Teiwaz, Ehwaz, Dagaz, Uruz e Hagalaz.
7. Conheço um sétimo: se o salão flameja ao redor de meus amigos, embora o fogo esteja quente e amplamente difundido meu encantamento irá impedir o seu curso.
Um encantamento para "apagar o fogo", ou seja, impedir o mal.
Runas recomendadas para esse encantamento: Isa, Algiz, Sowulo, Teiwaz, Ehwaz, Laguz, Dagaz, Uruz, Ansuz, Wunjo e Hagalaz.
8. Conheço um oitavo: qualquer pessoa ficará feliz em aprender, quando os guerreiros guardam ódio no coração o encantamento irá amenizar sua fúria.
Um encantamento pacificador.
Runas recomendadas para esse encantamento: Ehwaz, Dagaz, Ansuz e Wunjo.
9. Conheço um nono: se eu tiver necessidade de proteger o navio da tempestade, ele aquieta o vento, subjuga as ondas e adormece o mar.
Outro encantamento pacificador e de proteção.
Runas recomendadas para esse encantamento: Isa, Algiz, Laguz, Ehwaz, Dagaz, Ansuz e Wunjo.
10. Conheço um décimo: se almas passeiam no topo do mastro navegando pelo céu, o encantamento que entôo os extravia e suas peles e mentes ficam ambos perdidos.
O significado desse encantamento é meio "ambíguo", cabe a cada um decifra-lo de sua maneira.
11. Conheço um décimo-primeiro: se para a guerra bons companheiros devo conduzir, o encantamento eu canto por trás de meu escudo, assim eles lutam bem e passam bem, em todos os lugares.
Outro encantamento de proteção. vRunas recomendadas para esse encantamento: Isa, Algiz, Sowulo, Teiwaz, Ehwaz, Dagaz, Uruz e Ansuz.
12. Conheço um décimo-segundo: se em uma árvore uma alma estiver pendurada no ar, eu escrevo e pinto runas tão poderosas que ela desce e fala comigo.
Um encantamento para falar com espíritos.
Runas recomendadas para esse encantamento: Algiz, Berkana, Mannaz, Othila, Dagaz, Uruz, Ansuz, Raido, Gebo e Nauthiz.
13. Conheço um décimo-terceiro: se água eu derramar sobre um filho de guerreiro, ele não sucumbirá na luta mais violenta nem tombará pela espada mortal.
Um dos mais poderosos encantamentos de proteção.
Runas recomendadas para esse encantamento: Isa, Algiz, Sowulo, Teiwaz, Ehwaz, Laguz e Hagalaz.
14. Conheço um décimo-quarto que os homens compreendem quando eu narro contos sobre os Deuses: O Aesir dos elfos eu sempre conheci, como os tolos nunca o poderão fazer.
Interprete como você achar melhor.
15. Conheço um décimo-quinto que Thjodraerir cantou na porta de Delling: Poder aos Deuses, triunfo aos elfos e conhecimento a Odin ele concede.
Pode ser um encantamento de absorção de energia ou sabedoria, mas eu prefiro também deixar a interpretação por sua conta.
16. Conheço um décimo-sexto: com esse feitiço qualquer pessoa concorda com os meus desejos; alcanço seu coração inocente e volto seus pensamentos para mim.
Um encantamento de amor.
Runas recomendadas para essa encantamento: Pertho, Berkana, Ehwaz, Inguz e Uruz.
17. Conheço um décimo-sétimo, e se for cantado tem o poder de manter a pessoa leal a mim e nunca rejeitar meu amor.
Esse encantamento complementa o anterior.
18. Conheço um décimo-oitavo nunca dito para a donzela ou para a esposa do homem; exceto para o amor seguro em meus braços, ou cantado para minha irmã.
Esse é o mais difícil de interpretar ou comentar.
As Origens das Runas
Como informações históricas e arqueológicas, as runas se destacaram por um período que se estende de 200 A.C., até o final da Idade Média (e até o presente) em uma área da Islândia até a Romênia, do Báltico ao Mediterrâneo. Se levarmos em consideração que as runas nunca foram utilizadas como escrita de caneta e tinta, mas apenas como símbolos talhados ou gravados sobre madeira, osso metal e pedra, essa vasta extensão geográfica é realmente notável e diz muito a respeito de sua atração e durabilidade.
Há uma tendência a menosprezar as runas como sendo simplesmente a escrita da Idade Média utilizada por aqueles povos setentrionais que não foram convertidos ao cristianismo e, consequentemente, não aprenderam o monkalpha (alfabeto dos monges) ou alfabeto latino. Por muitas razões, isso é um infortúnio. Estigmatizar simplesmente as runas por serem um alfabeto pagão faz com que muitas de suas outras funções sejam negadas.
Em diversos momentos dos últimos 150 anos, os eruditos têm postulado uma variedade de origens para as runas. Uma das teorias advoga que elas sejam originárias da migração para o norte da escrita cursiva grega. Outra, que sejam baseadas no alfabeto latino, o que, pelo menos, tem mérito de destacar algumas similaridades superficiais nos formatos das letras, especialmente quando consideramos que as formas angulares das runas provêm do fato de serem talhadas e não escritas. Se fossem uma escrita de caneta e tinta, as semelhanças poderiam aumentar dramaticamente. A teoria citada com maior freqüência defende que as runas derivam de um alfabeto itálico do norte. Com certeza, quando a evidência arqueológica é levada em conta, isso parece ter alguma veracidade. Existem ainda outras idéias menos definidas que precisam ser exploradas. As runas apresentam também uma forte semelhança com vários símbolos do hallristningar, os símbolos do culto pré-histórico usados pelos povos setentrionais e registrados em gravuras em rochas. E não importa qual seja a origem das runas, existem a debatida questão sobre quem foi a primeira pessoa que realmente utilizou a escrita. Teria sido desenhada por uma comissão ou teria sido criada como obra de um único indivíduo inspirado? Provavelmente nunca saberemos e isso, por si só, aumenta o poder e o mistério da escrita rúnica.

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